O uso de Medicinas Naturais da Floresta, principalmente as substâncias alteradoras de consciência (psicodélicas) sempre foi debatido no meio médico e farmacêutico. Há opiniões diversas sobre o quão profundas estas ferramentas podem ser na cura e no tratamento de doenças, sobretudo em doenças comuns em nossa sociedade, como a depressão e o vício em drogas.
Visando gerar uma compreensão maior sobre a complexidade deste tipo de terapia e seu resultado sobre pessoas adictas, vale ressaltar algumas informações:
O caráter medicinal da Ayahuasca é reconhecido e seu uso é permitido em território brasileiro
Ao contrário do que muitos acham, o uso ritualístico da Ayahuasca é aprovado e reconhecido em nosso país. Existem legislações que amparam os dirigentes que conduzem trabalhos com esta medicina, como a resolução n° 4 do CONAD.
Durante décadas, esta medicina é estudada no Brasil. Em 1986, o Dr. Domingos Bernardo de Sá fez apontamentos importantes no Confen, dentre os quais podemos citar:
“Padrões morais e éticos de comportamento em tudo semelhantes aos existentes e recomendados em nossa sociedade, por vezes até de um modo bastante rígido, são observados nas diversas seitas. Obediência à lei pareceu sempre ser ressaltada”.
“Os seguidores das seitas parecem ser pessoas tranquilas e felizes. Muitas atribuem reorganizações familiares, retorno de interesse no trabalho, encontro consigo próprio e com Deus, etc., através da religião e do chá”.
“O uso ritual do chá parece não atrapalhar e não ter conseqüências adversas na vida social dos seguidores das diversas seitas. Pelo contrário, parece orienta-los no sentido da procura da felicidade social, dentro de um contexto ordeiro e trabalhador”.
E desde 1992, este Conselho decidiu liberar definitivamente o uso religioso da Ayahuasca em todo o território nacional.
A ayahuasca não substitui o acompanhamento psicoterapêutico e psiquiátrico no tratamento contra as drogas
Apesar de ser uma Medicina, antes de buscar qualquer tratamento alternativo (incluindo aqui o uso de Plantas de Poder e Chás Medicinais, tais como a Ayahausca) o acompanhamento psicoterapêutico e psiquiátrico é de suma importância.
Existem algumas restrições no que diz respeito ao uso da Ayahuasca, tais como o tempo de uso, e o tipo de droga utilizada. Mesmo quem já está em tratamento precisa de orientações prévias, pois determinados tratamentos não são compatíveis com a Ayahuasca.
Além disso, é importante este acompanhamento, pois geralmente são estes profissionais que trarão maior entendimento sobre os processos vivenciados dentro da Ritualística desta medicina.
As viagens com Ayahuasca não são alucinações e não podem ser comparadas ao efeito das drogas
Muitos vão ao encontro da Ayahuasca esperando ver alucinações, indo apenas para ter visões fora da realidade. Já outros, ao contrário, ficam com medo exatamente por acharem que irão lá apenas para “ter uma onda”.
Este é um dos pensamentos mais errôneos que podemos encontrar. As viagens na Ayahuasca existem sim, entramos num estado de expansão de consciência muito forte, mas nosso estado de compreensão do nosso Ser também se expande. E por isso ela não é chamada de alucinógena (altera a consciência trazendo alucinações) e sim de enteógena (altera a consciência trazendo entendimento do nosso Ser).
Para as pessoas que buscam esta Medicina, por muitas vezes as chamadas “catarses” são muito mais intensas. Os adictos que passam por experiências com Ayahuasca muitas vezes recebem processos de arrependimento, crises de consciência e o entendimento do quão destrutivas foram suas escolhas.
Muitos alegam, ao término dos Rituais, que conseguiram entender o mal que faziam a si mesmo e aos seus familiares. Muitos também conseguem ver os amigos que estavam realmente ajudando, ao lado, e esperando o melhor, e as amizades tóxicas e destrutivas.
Mas a maioria destes sentimentos densos se dissipam após a experiência. E o que fica? Os insights, os pensamentos positivos, a reforma íntima, mudança de postura e o sentimento de reparar o tempo perdido.
Ayahuasca não vicia, nem é uma terapia de substituição
Esta Sagrada Medicina também não pode ser vista como uma substância que irá substituir o uso de drogas. E por um motivo principal: A Ayahuasca não vicia!
Assim como diversas outras enteógenas, ela não causa dependência química, pois ela não nos “dopa”, tampouco mascara os nossos problemas, fazendo-nos cegos diante dos nossos desafios. Ela faz justamente o contrário!
Dando clareza de entendimento dos nossos problemas, trazendo nossas mazelas à tona, o objetivo é justamente tratar essas questões, que muitas vezes têm raízes profundas (e que muitas vezes são desconhecidas).
Algumas casas já cuidam de dependentes químicos com a Ayahuasca
No Brasil já existem alguns locais que dedicam seu trabalho no cuidado com dependentes químicos. Podemos citar dentre eles o Centro de Recuperação Caminho de Luz (no Acre) e o Centro Espiritual Céu da Nova Vida (no Paraná) fazem uma espécie de pronto-socorro espiritual para auxiliar irmãos com problemas com drogas a se libertarem pouco a pouco deste vício.
Conclusão
Se você é dependente químico, ou conhece alguém com dependência que precisa de ajuda, pode encontrar na Sagrada Medicina da Ayahuasca uma verdadeira aliada. Converse com especialistas, tais como psicólogos, psiquiatras, e dirigentes espirituais, explique sua situação, peça conselhos, e com certeza a Ayahuasca pode te ajudar ou ajudar a pessoa com dependência a se reerguer!
Autor: Wagner Araujo