Estudo da USP sugere ação antidepressiva da Ayahuasca

A Ayahuasca, uma das principais bebidas enteógenas e ritualísticas do país (com consumo milenar sobretudo pelos povos indígenas) sempre foi alvo de estudos e análises científicas. Isto pois os que dela comungam sempre apontam os efeitos benéficos desta Sagrada Medicina, tais como cura de males físicos e renovação espiritual.

Recentemente, o professor Jaime Hallak, do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP) iniciou estudos mais profundos para entender os benefícios deste chá. E os resultados foram publicados em Julho de 2018 na Psychological Medicine.

Ainda não há aplicações conclusivas para que a Ayahuasca possa ser indicada como um tratamento efetivo para quadros de depressão, as amostras apresentaram um resultado muito positivo. 29 pessoas foram avaliadas em teste clínico no Hospital Universitário Onofre Lopes, recebendo uma dose única da substância.

Os pacientes foram analisados logo após o experimento, porém os resultados mais importantes de redução foram perceptíveis na primeira semana após a experiência com o chá: cerca de 50% das pessoas que participaram destes testes perceberam melhoras nos sintomas da depressão (versus 27% que estavam no grupo placebo, ou seja, que não tomaram a Ayahuasca).

A pesquisa reuniu diversos profissionais em uma rede de pesquisadores. Rafael Guimarães dos Santos, um dos farmacólogos envolvidos na pesquisa, retratou em uma entrevista para a Rádio USP:

“Nós encontramos um efeito antidepressivo rápido e duradouro, o que não é comum entre os antidepressivos, que costumem demorar de duas a três semanas, em média, para terem efeitos terapêuticos. A Ayahuasca apresentou resultado já nas primeiras horas e permaneceu por até três semanas. É preciso dizer que o estudo é preliminar, mas os voluntários já haviam experimentado ao menos dois remédios sem apresentar melhora no quadro depressivo.”

Já o coordenador do projeto, Jaime Hallak, possui uma visão otimista sobre o potencial terapêutico dos psicodélicos. Em uma de suas abordagens, ele lembra:

“a psiquiatria necessita de novos medicamentos, porque muitos dos que existem hoje não apresentam boa eficácia contra certos casos de depressão.”

A Ayahuasca

O chá de Ayahuasca (também conhecido como Hoasca, Santo Daime, Vegetal e diversos outros nomes) é um composto feito a partir de duas plantas, a Chacrona (Psychotria viridis) e o Jagube (Banisteriopsis caapi). Seu princípio ativo é o DMT (dimetiltriptamina), este tem o objetivo de expandir a consciência humana, permitindo contatos, vivências e experiências voltadas para a Cura do Ser, onde ocorrem Projeções de Consciência e processos de cura física e também espiritual.

Fonte: Jornal USP / Revista Encontro